Se você começou a enfrentar problemas para engravidar, já ouviu ou certamente ouvirá falar da endometriose.

Isso porque a endometriose é a principal causa de infertilidade feminina. De 10% a 15% das mulheres em idade fértil têm a doença. Ou seja, são mais de 6 milhões de brasileiras atingidas por esse problema. E que saber mais? Cerca de 10% destas não sentem nenhum sintoma.

Você pode imaginar quando elas descobrem, não é? Exatamente! Estas que não sentem nada só acabam descobrindo quando tentam engravidar e não conseguem.

A preocupação em torno da doença tem crescido tanto que há anos já existe uma Campanha Mundial de Conscientização da Endometriose chamada “Março Amarelo”. Sim, é uma ação que acontece em diversos países no mundo.

Aqui no Brasil, inclusive, o Plenário aprovou recentemente a data de 13 de março como o Dia Nacional de Lutra contra a Endometriose, cujo objetivo é realizar ações de conscientização e diagnóstico precoce da doença. Com isso, é provável que a endometriose ganhe um pouco mais de destaque na mídia.

Mas não importa se a endometriose é ou não uma palavra nova no seu vocabulário. Fica comigo nesse artigo que eu vou explicar tudo aquilo que você precisa saber sobre a endometriose, incluindo os principais mitos e dúvidas sobre tratamento, cura, gravidez e fertilidade. Vamos começar do início.

O que é Endometriose?

Para entender a endometriose, antes, é preciso saber o que é e onde fica o endométrio. Ele é uma tecido interno que reveste o útero. Sua espessura varia durante o ciclo menstrual, de acordo com a concentração de hormônios na corrente sanguínea.

Se ocorre a fecundação, é no endométrio que o embrião será implantado, dando início à gravidez. Se não há fecundação, boa parte do endométrio é eliminada durante a menstruação. Aquilo que permanece no revestimento interno do útero volta a crescer e o processo se repete a cada ciclo.

Tudo perfeito. É assim que o processo normal acontece.

A endometriose é quando há uma modificação desse funcionamento. As células do endométrio, em vez de serem expelidas, movimentam-se no sentido oposto, acessando os ovários ou a cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar a cada ciclo.

Ou seja, se o tecido descamado não sai com a menstruação e invade outros órgãos fora do útero é diagnosticado endometriose.

Agora que você sabe o que é endometriose, algumas perguntas podem surgir na sua cabeça, certo?

Quais são os sintomas da endometriose?

Como dito no início do texto, a endometriose pode ser assintomática. Ou seja, você pode viver com esse disfunção por anos sem que seu organismo lhe dê nenhuma pista. No entanto, quando os sintomas aparecem, costumam ser:

  • Cólicas Menstruais (Dismenorreia): pode incapacitar as mulheres de exerceram suas atividades cotidianas e a intensidade pode aumentar com a evolução da doença. Às vezes, a dor não passa nem com remédio.
  • Dor durante o sexo (Dispareunia): dor profunda durante o ato sexual com penetração.
  • Dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação;
  • Infertilidade: incapacidade de engravidar.

Como saber se você tem endometriose?

Se você tem alguns dos sintomas acima pode ser que você tenha endometriose. Mas isso é só uma suspeita! Como saber de verdade? Não há forma mais adequada de descobrir do que consultar um ginecologista. Somente um médico especializado poderá levantar os exames necessários para diagnosticar a doença. Um exame ginecológico clínico é um primeiro passo, que pode ser procedido por outros exames laboratoriais e de imagem, como:

  • Visualização das lesões por laparoscopia
  • Ultrassom endovaginal
  • Ressonância magnética
  • Exame de sangue

Apesar de todos os indícios que as investigações acima podem oferecer, o diagnóstico de certeza, porém, depende mesmo de uma biópsia feita através de intervenção cirúrgica.

Endometriose x Fertilidade

A endometriose prejudica a fertilidade feminina principalmente por uma questão mecânica. Com a aderência do endométrio nas trompas e ovários, há uma alteração da anatomia que acaba por obstruir a passagem dos óvulos e espermatozoides.

Entre outros efeitos, a endometriose ainda pode provocar infertilidade porque:

  • influencia o hormônio no processo de ovulação;
  • influencia na implantação do embrião;
  • pode gerar alterações no desenvolvimento da gestação;
  • pode interferir no desenvolvimento embrionário;
  • pode aumentar a taxa de abortamento.

E apesar disso, há muitas mulheres que têm endometriose e mesmo assim conseguem engravidar. Para aquelas que possuem a doença e não conseguem, a Fertilização In Vitro acaba sendo o principal recurso para contornar essa dificuldade.

Endometriose tem cura? Como é o tratamento?

A notícia ruim é que não, a endometriose não tem cura. No entanto, os tratamentos disponíveis atualmente permitem administrar a doença e oferecer uma vida perfeitamente normal às mulheres.

Como a endometriose é uma doença que pode se apresentar de diversas maneiras, o tratamento deve ser individualizado, considerando questões como sintomas, idade, tipo de doença e o desejo de engravidar.

Quando há necessidade de tratamento clínico medicamentoso, são utilizados anticoncepcionais combinados com baixas doses de hormônio ou somente à base de progesterona. Ao diminuir a ação do estrógeno, esses medicamentos ajudam a controlar a progressão da doença, mas podem oferecer alguns efeitos colaterais.

Quando o tratamento requer intervenção cirúrgica, ele é feito através de laparoscopia. Realizada sob anestesia geral, consiste na introdução de um telescópio fino no umbigo, que permite a visualização do abdômen e a avaliação dos órgãos da pelve. Com a possibilidade de ampliação da imagem, é possível identificar até mesmo pequenas quantidades de aderência. O tecido removido é enviado a um patologista, para verificação em microscópio e confirmação do diagnóstico

Por ser feita através de um pequeno furo, a laparoscopia é um técnica menos invasiva, o que diminui bastante a dor e o tempo de recuperação, sendo utilizada não só no tratamento da endometriose, mas também em diversos outros como remoção da vesícula e apêndice, por exemplo.

Atividade física como aliada contra a endometriose

É sempre importante lembrar que mulheres com endometriose podem se beneficiar de um estilo de vida saudável, com prática regular de exercício físico aeróbico. A endorfina liberada pela atividade física tem uma dupla função no controle da doença, observando-se até mesmo a sua redução.

Primeiro porque ela inibe a secreção do hormônio FSH, que é como um combustível para o crescimento do endométrio. Logo, o desenvolvimento do tecido intruso é desacelerado.

Depois, porque a endorfina neutraliza a adrenalina e o cortisol, no sangue. Sem essas substâncias liberadas pelo estresse, as células de defesa atuam com mais eficiência no combate ao endométrio invasor.

Tratamentos complementares como fisioterapia, ioga, pilates, acupuntura e até apoio psicológico, também podem ser importantes ferramenta para lidar com a doença.

Para encerrar, destaco 10 pontos que devem ser considerados quando o assunto é endometriose:

  1. Não há cura para a Endometriose.
  2. Adolescentes não são muito jovens para ter Endometriose.
  3. Endometriose não pode ser prevenida.
  4. Endometriose nem sempre causa infertilidade.
  5. Períodos de dor não são normais.
  6. Histerectomia (cirurgia de retirada de útero) não é a cura para Endometriose.
  7. Engravidar não cura a Endometriose.
  8. Endometriose só pode ser corretamente diagnosticada através de intervenção cirúrgica.
  9. Nível de dor não está relacionado com a extensão da doença.
  10. Endometriose não é uma DST (Doença Sexualmente Transmissível). Você não tem como pegar.

Font: https://www.marchintoyellow.org.au/